quarta-feira, 6 de maio de 2009

PRECONCEITO EM HANA YORI DANGO


Recentemente, fui apresentado aos “doramas”, séries japonesas que são equivalentes às novelas que temos no Brasil, mas com dois diferenciais: são curtas e divertidas. O primeiro “dorama” que tive o privilégio de assistir chama-se Densha Otoko (“O Homem do Trem”), que narra a história de um jovem otaku (fã de desenhos animados, mangás e produtos relacionados) que após um incidente num trem, salva uma moça rica por quem ele se apaixona. Trata-se de uma história romântica, repleta de humor, que encanta o espectador por sua leveza e ingenuidade. Pouco tempo depois, conferi Ichi Rittoru No Namida (“1 Litro de Lágrimas”), drama que conta a história de verídica de Aya Kitõ (que teve seu nome alterado para Aya Ikeuchi na série televisiva), garota que mantém um diário no qual relata o cotidiano de sua luta contra uma terrível doença degenerativa. Ao contrário de Densha Otoko, Ichi Rittoru No Namada possui uma intensa carga dramática, que em vários momentos leva o espectador às lágrimas, graças ao envolvimento com a dramática batalha de Aya e sua família.

Cada vez mais interessado pelos “doramas”, fui apresentado a Hana Yori Dango, provavelmente uma das mais bem-sucedidas séries japonesas dos últimos tempos, tendo ido ao ar pela primeira vez em 2006 e ganhando uma seqüência em 2007. A história gira em torno de Makino Tsukushi, garota pobre que estuda num dos mais respeitados institutos educacionais japoneses, a escola Eitoku Gakuen. Nela, estão matriculados os herdeiros das mais tradicionais e poderosas famílias do Japão, o que faz de Makimo uma “estranha no ninho”. Entre os estudantes, encontram-se os quatro filhos das quatro mais influentes famílias de todas. São eles Akira Mimasaka, Soujirou Nishikado, Rui Hanazawa e o líder Tsukasa Doumyouji. Juntos, eles formam o Flower Four, ou F4 (“flower”, palavra inglesa para “flores”, simboliza algo precioso no Japão, podendo a tradução para o nome do grupo ser “Os Quatro Preciosos”), o grupo que determina as regras no colégio, às quais se submetem tanto os alunos quanto os professores e diretores da Eitoku Gakuen. Num dia fatídico, a heroína Makino contraria um dos membros do F4, o que faz dela alvo dos maus tratos dos colegas de escola. Mas a determinação da menina em manter-se orgulhosamente de pé diante do colégio e dos quatro poderosos rapazes faz com que um deles se apaixone por ela, permitindo o desenrolar de uma trama repleta de romance e humor.

A primeira temporada de Hana Yori Dango é muito divertida e seu final deixa um gancho interessantíssimo para a segunda temporada. Entretanto, o início desta é o verdadeiro motivo que me leva a escrever este texto e foi o que me tirou o sono dias atrás. Hana Yori Dango 2 começa em Nova York e talvez este tenha sido o maior erro dos realizadores do programa, pois isso denunciou a limitada visão de mundo que alguns poucos japoneses ainda possuem. Para os produtores do “dorama”, Nova York, uma das maiores capitais do mundo, está dividida entre os brancos, perfeitos americanos dispostos a ajudar turistas até que suas paciências sejam testadas, e os negros, indivíduos que estão à espreita e podem atacar a qualquer momento, prontos para roubar uma bagagem ou cometer algum tipo de violência física. Surpreendeu-me a capacidade que os responsáveis pelo show televisivo tiveram para, em pouquíssimos minutos, ilustrar o que pensam das pessoas que vivem do lado de cá do meridiano de Greenwich. Isso foi o suficiente para que eu desistisse da série e tivesse minha primeira decepção com um “dorama”. Entretanto, há males que vem para o bem, e pude concluir que entretenimento de qualidade duvidosa não é produzido apenas no Brasil, mas no mundo todo, e o Japão, país que para mim sempre foi e continua sendo símbolo de decência e respeito às tradições, não está isento disso.

Numa época na qual a televisão e os demais meios de comunicação ditam regras de comportamento, ideologias e visões de mundo, é fundamental que os produtores de cultura exerçam suas funções com maior responsabilidade, uma vez que o preconceito, seja ele de qualquer ordem, é sinal de retrocesso, e estimular um pensamento tão arcaico após a humanidade ter sobrevivido a tantos conflitos é, no mínimo, uma tremenda burrice.

Um comentário:

  1. aa tenho duas amigas que sao viciadas em ''dorama'' ! séries japonesas e filmes de terror do japao sao os melhores!
    da uma passada la no meu, beeijo

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